A Troca


Marcus Vinícius Manzoni (marcusviniciusmanzoni@gmail.com)

Entrei no ônibus que vinha de Bossoroca pra Santiago do Boqueirão, procurei minha poltrona e sentei. Eis que vem em minha direção um senhor de idade e senta ao meu lado.
Eu disse: “Bom dia, senhor.”
Ele me respondeu, no pleno ar da sua criação bagual, um estendido: “Óh! Que tal?”
Disse eu: “...frio que está fazendo hoje, não?”
Disse ele: “Rapaz, eu vou te contar. Isso aqui tá uma umidade bárbara”. Concordei, na fidalguia: “E como está!”

Compartilhamos uma conversa anônima, sem saber um do outro. Sem saber do dinheiro ou da profissão. Um papo além da porteira da inibição, o momento foi uma troca de nada por coisa nenhuma. E isto se confirmou nas últimas palavras do velho.
Despediu-se, dizendo: “Tchê! Eu desço aqui na Chácara São Pedro. Obrigado por deixar o meu dia como estava quando acordei.”
Despedi-me, retribuindo: “Disponha.”


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